domingo, 29 de agosto de 2010

Corrida Alegria dos Sinos - 1981, 8 Km

Incrivelmente, eu me lembro de muita coisa dessa corrida. Não sei e nem tenho idéia de porque diabos eu resolvi correr esta corrida. Me lembro de ter arrastado minha mãe para um recém inaugurado shopping center em Botafogo, chamado Rio Sul, para fazer a inscrição. Lembro da minha mãe reclamando, mas me levando de qualquer forma. Chegando no Rio Sul, o estande de inscrições era no primeiro piso, lá perto da saída da rua Lauro Muller, onde já tinha uma galera se inscrevendo.


Depois de fazer a inscrição, já com o kit em mãos minha mãe resolve perguntar quem ia correr comigo. E eu disse: - ah, acho que o Augusto, o Ricardo, o Toninho e o Júnior (talvez alguns a mais, alguns a menos), todos moradores do prédio onde vivi a maior parte da minha vida, o edifício Enseada. E minha mãe: - O que??? Você "acha"??? E lembro que ela foi me dando esporro até chegar em casa.


O kit constava de uma camiseta regata branca (isso eu me lembro porque ainda tenho a unica foto desse evento) que a minha mãe precisou fazer uns "ajustes" para que ela não ficasse arrastando no chão. As alças da camiseta me fazia parecer que estava usando um vestido decotado, pois meu peito todo aparecia. Além da camiseta que ficava gigante em mim, ainda vinha uma fita, se não me engano vermelha, com dois guizos, para ser prendida no tornozelo durante a corrida, e ainda o número de peito, que era 1967. A camiseta ficava tão ridículo em mim que corri com uma camiseta normal por baixo, de malha verde, do colégio onde estudei, o Bennett. Era o uniforme de educação física.


No final das contas, os unicos que realmente correram comigo foram o Augusto 3 anos mais velho que eu e o Júnior (o França), acho que com a mesma idade. O engraçado era a diferença de tamanho entre os três. Eu, lógico, o menor, o Augusto quase do mesmo tamanho e o Júnior bem maior que os dois (vide foto).


Dia desses, quando o Augusto me emprestou a unica foto, a mãe dele nos lembrou que o próprio Augusto tinha dito que não queria que a mãe dele nos levasse, e sim, a minha mãe. Isso eu não sabia. E nem sabia porque ele não queria que a própria mãe fosse. Segundo ela, foi categórico em dizer pra mãe que queria que a Helena, minha mãe, nos levasse. Vai entender...


Enfim, vamos a corrida propriamente dita.


A largada foi em frente a entrada principal do shopping, em direção a Copacabana. O trajeto seguia pelo Túnel Novo, Av. Princesa Isabel, Av. Atlântica até o posto 6, em frente ao Hotel Rio Palace (hoje, Sofitel Rio Palace), retornando pela pista sentido Leme até a Av. Princesa Isabel, Túnel Novo e a chegada dos 8 Km era em frente ao shopping, claro.


Foi uma noite chuvosa, mas nada demais. Uma chuvinha que, para um paulistano quase recém chegado ao Rio, não passava de uma garoa, como se diz na minha terra. Fomos correndo os três juntos, num ritmo que hoje em dia eu considero bom para mim, e com muitos centímetros de altura a menos, devia fazer diferença. Mas com 11 anos, tudo é muito mais fácil.


Durante a corrida eu ficava catando no chão os guizos que os outros corredores deixavam cair com o movimento das pernas. Eu parando para catar os guizos e o Augusto com sua rabugice de sempre reclamando e mandando eu correr, pois o Júnior, por ter pernas maiores do que da gente, já ia mais a frente. Acho que corri grande parte do percurso carregando um imenso peso morto extra. Mas e daí? Eu corria e pelo chacoalhar do meu corpo, ia parecendo um mini Papai Noel com crise de gota, tamanho barulho que devia fazer.


Quando percorríamos talvez, lá pelo segundo ou terceiro quilômetro, já víamos os primeiros colocados do outro lado da pista, me direção a chegada. E nós ainda correndo em direção do posto 6.


Sinceramente, não tenho idéia se peguei água nos postos de hidratação ou quantos copos peguei. Talvez tenha pegado copos vazios para guardar minha coleção de guizos. Só suposições. Inclusive, não sei se eu parei alguma vez para dar uma "desabastecida", mas acho que o Augusto teria desistido de correr para sempre, se tivesse feito isso.


Finalmente, após um período que achava que era uma eternidade (quando nós somos crianças tudo parece uma eternidade, um aeon), já passávamos pela Av. Princesa Isabel, Túnel Novo e a grande chegada!


Obviamente, não sei o meu tempo exato de corrida, até porque naquela época não existia internet para poder checar o tempo, nem a gente recebia o tempo líquido por SMS no celular, porque não existia celular, nem SMS. E o tempo bruto a gente via por aqueles imensos relógios digitais que também marcar a temperatura. Eles tinham colocado os relógios como cronômetros e tenho a vaga idéia de que levei por volta de 46 minutos para completar os 8 Km. Ou seja, para um moleque nanico e mirrado correr, catando guizos no chão a cada 10 metros, na chuva, a noite, um pace de quase 6 min/Km, é muito bom!


Na chegada, minha mãe e a mãe do Augusto, a dona Inês (in memoriam), nos esperando para pegar um ônibus e voltar pra casa. Todos felizes da vida!
Pela foto, dá pra ver a diferença de tamanho entre eu (1967), o Júnior (1811) e o Augusto (1011)! Acho que isso dá a proporção áurea de Phi, não?

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